sábado, 30 de janeiro de 2010

POETIZA MARAJOARA

BOM DIA BELÉM



Há muito que aqui no meu peito

Murmuram saudades azuis do teu céu

Respingos de ausência me acordam

Luando telhados que a chuva cantou



O que é que tens feito

Que estás tão faceira

Mais jovem que os jovens irmãos que deixei

Mais sábia que toda a ciência da terra

Mais terra, mais dona do amor que te dei



Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe

Meu sol, minha rêde, meu tamba-tajá

A sesta o sossego da tarde descalça

O sono suado do amor que se dá



E o orvalho invisível na flôr se embrulhando

Com medo das asas do galo cantando

Um novo dia vai anunciando

Cantando e varando silêncios de lar



Me abraça apertado, que eu venho chegando

Sem sol e sem lua, sem rima e sem mar

Coberta de neve, lavada no pranto

Dos ventos que engolem cidades no ar



Procuro o meu barco de vela azulada

Que foi de panada sumindo sem dó

Procuro a lembrança da infância na grama

Dos campos tranquilos do meu Marajó





Belém minha terra, minha casa, meu chão

Meu sol de janeiro a janeiro a suar

Me beija, me abraça que quero matar

A doída saudade que quer me acabar



Sem círio da virgem, sem cheiro cheiroso

Sem a "chuva das duas " que não pode faltar

Cochilo saudades na noite abanando


Teu leque de estrelas, Belém do Pará!



Adalcinda Camarão - Poetiza de Muaná

Abaixo o vídeo com a poesia " Sortilégio"





Nenhum comentário:

Postar um comentário

PORTEL: O AQUAFEST DA DIVERSIDADE MUSICAL

Em sua 5° edição, o Aquafest foi, além de um festival esportivo, um evento marcado pela sua diversidade musical, pois na grade de program...