sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

UNIDADE AGROFLORESTAL É MODELO DE SUSTENTABILIDADE E MOVIMENTA ECONOMIA EM PORTEL

A ideia é simples, mas precisou de uma equipe bem preparada e com muita vontade de fazer valer o significado da palavra sustentabilidade. No município de Portel, região do Marajó, no estado do Pará, foi criada a Unidade Agroflorestal de Portel – Unap, constituindo- -se de 44 hectares destinados à produção de hortaliças e mudas de espécies florestais e frutíferas.O trabalho teve início no ano de 2013 e os primeiros frutos do empreendimento estão literalmente sendo colhidos. Adubados e tratados com matéria orgânica, couve, cheiro verde, alface, cebolinha e outras verduras e legumes estão abastecendo o comércio local, movimentando uma fatia da economia da cidade e levando saúde para a mesa das famílias portelenses. Frutas como maracujá e acerola também já estão sendo colhidas nas unidades demonstrativas do viveiro municipal.
 “Com este trabalho, estamos mostrando para a comunidade portelense que com poucos recursos e sem muita tecnologia é possível gerar renda e criar uma alternativa de economia”, explica o engenheiro agrônomo Heron Wagner Macedo, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Portel – Sede. Com a produção do viveiro, acrescenta Heron, Portel já conseguiu cortar a relação de comércio com a Ceasa-Belém das chamadas verduras folhosas. “Já somos autossuficientes neste quesito”, assegura ele.

 TRAÇANDO O CAMINHO DA SUSTENTABILIDADE
 Em janeiro de 2013, Paulo Ferreira assumiu a prefeitura de Portel. Começou a trabalhar sob o lema “Sustentabilidade e desenvolvimento humano”. Formou uma equipe para desenvolver o projeto da criação de um viveiro de mudas e hortaliças. . “A área já existia, havia sido formatada pela gestão anterior. Ampliamos, fizemos investimentos, construímos um viveiro padronizado com quatro galpões de 40 leiras para as hortaliças”, detalha Antônio Vaz, no cargo de diretor de agroextrativismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. A Unap fica localizada próxima ao centro urbano, no Km 3 da estrada Portel/Tucuruí
Portel tem uma população formada por cerca de 53 mil habitantes, de acordo com o mais recente censo. “Precisamos pensar em projetos para o desenvolvimento humano de forma sustentável”, pontua Idinor Ferreira, diretor de agronegócios da Sede e também integrante da equipe que coordena os trabalhos na Unap. Ele lembra que o município figura na lista dos que apresentaram menor IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, na última avaliação feita pelo Programa Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud – 2010). O índice resume o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O momento é de reverter este quadro, acredita Idinor. Ele destaca que esta mudança está acontecendo. “Já estamos consumindo hortaliças produzidas em nosso município e de forma sustentável”, exemplifica.
 O município de Portel, localizado no estuário Anapu/ Pacajás, oeste do Marajó, fica a cerca de 270 quilômetros da capital do Pará. O nome, significando “porto pequeno”, como o de muitas outras cidades paraenses, faz referência à localidade existente em Portugal. O acesso pode ser via marítima ou área. “O grande potencial econômico é mesmo o agroextrativismo”, enfatiza Antônio Vaz. Ele lembra que o município se destaca como um dos grandes pólos de cultivo de mandioca e produção e exportação da farinha, produto que tem como mercados os municípios de Afuá e Breves, entre outros da região, além do Estado do Amapá. “São toneladas de farinha de mandioca que saem de Portel para outros municípios todas as semanas. Os frutos são da melhor qualidade ”.

CURSOS DE CAPACITAÇÃO
O projeto elaborado para construção do viveiro vai além da plantação e fornecimento para o mercado local. Mudas de hortaliças são doadas para as comunidades, verduras são distribuídas para escolas e instituições que desenvolvem trabalhos filantrópicos, como o que aconteceu recentemente no bairro Portelinha, quando famílias receberam orientações sobre o plantio e cultivo de hortaliças, além de informações sobre a importância da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável, ou, ainda a capacitação em plantio e manejo de açaizais nativos, promovida na comunidade Nossa Senhora do Bom Remédio – Vila Gomes. Participaram deste treinamento lideres comunitários do Rio Camarapi.
 O espaço da Unap recebe constantemente a visita de professores, estudantes, técnicos e profissionais que trabalham nesta área e que têm interesse em aprender mais sobre o assunto ou mesmo desenvolver projetos semelhantes. Essa disseminação de conhecimento e prática para além das divisas e fronteiras também se destaca como um dos objetivos do grande projeto de sustentabilidade que vem sendo levado adiante neste pedaço do Marajó. “Para a realização de cursos e treinamento, contamos com parcerias do Sebrae, Emater e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), informa o secretário Heron Macedo. As aulas são realizadas no centro urbano e também na zona rural. Os interessados em participar devem procurar a sede da secretaria, na avenida, Floriano Peixoto, 85 altos. Heron adianta que o próximo passo da Unap é o plantio experimental do milho. O milho (Zea mays) também chamado abati, auati e avati soja, quando será verificada a viabilidade da cultura na região. Este cultivo permitirá a introdução de uma nova fonte de renda para os moradores, além da já tradicional atividade envolvendo a mandioca para futura produção da farinha e amido
Na realidade, viveiro, observa Heron, é apenas um “apelido carinhoso” para a Unidade Agroflorestal. No local, são cultivadas, além das frutíferas, mudas de espécies florestais diversas, algumas, inclusive, já inseridas na lista de extinção, como copaíba, andiroba, cumaru e jatobá. Muitas são doadas e grande parte está destinada a projetos futuros de plantio de áreas que foram desmatadas. 

Fonte: Revista Amazônia
Edição e Fotos: Comunicação Social - PMP

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