segunda-feira, 6 de maio de 2013

FEDERALIZAÇÃO DO MARAJÓ GANHA FORÇA

A luta pela federalização do Marajó está cada vez ganhando mais espaço nos 16 municípios que compõem a ilha considerada a maior flúvio-marítima do mundo, porém com os piores índices de desenvolvimento do País. Lideranças defendem que somente passando para as mãos do governo federal o arquipélago alcançará o desenvolvimento.
O Plano de Desenvolvimento do Marajó, que em 2006 deveria investir R$ 2 bilhões, este ano voltou a ser anunciado pelo governo federal, mas apenas assegurando R$ 23 milhões para projetos de abastecimento de água e cadeia produtiva do açaí, leite de búfala e mandioca. Porém, a direção da Associação dos Municípios do Marajó (Amam) acredita que o valor é ínfimo para enfrentar a carência local.
 Além da fome e da miséria de seus habitantes, o Marajó permanece com um problema crônico, que é a falta de geração de trabalho e renda. Aliado a isso, saúde e educação públicas de qualidade e água potável ainda são considerados artigos de luxo. Pior ainda quando se trata de cidadania. Parece inimaginável, mas boa parte das crianças da ilha sequer tem certidão de nascimento. Sem falar da falta de segurança pública, movida grande parte pelo tráfico de drogas e a exploração sexual de crianças e de jovens, uma das piores chagas do Marajó, um dos locais de maior contraste no Pará com natureza exuberante e pobreza extrema. Somente em Portel, quase 4 mil crianças não existem pro País, pois não possuem registro de nascimento. Parte delas está matriculada de forma irregular nas escolas municipais, segundo o prefeito Paulo Ferreira. O grande problema é que não podem ser incluídas na relação do Ministério da Educação, portanto, também não integram a lista do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Por isso, os municípios que sobrevivem dos repasses de recursos federais, têm que bancar sozinhos os estudantes sem registro de nascimento.
 Os prefeitos do Marajó reclamam do valor do aluno por ano que recebem do Ministério da Educação, apenas R$ 1.8 mil. Segundo Ferreira, considerando os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios marajoaras, abaixo da linha de pobreza, é necessário um financiamento maior para diversas áreas, incluindo a educação.
 A saída para enfrentar a miséria, defendem os prefeitos, é a retomada da discussão para federalizar o arquipélago, uma forma dos recursos federais serem diretamente investidos nos municípios. Paulo Ferreira também enfatiza a necessidade de se criar a Universidade Federal do Marajó. “Não vislumbramos outra saída”, diz.

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