Confirmando informação divulgada semana passada por este jornal – em duas notas da coluna Repórter Diário –, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado revelou a descoberta de uma megafraude envolvendo um plano de manejo numa área de cinco mil hectares, no município de Anajás, na ilha do Marajó.
Neste caso do Marajó, a empresa Tecnoflora, recebeu da Sema, no ano passado, autorização para a retirada de 150 mil metros cúbicos de madeira. Segundo José Alberto Colares, secretário de Meio Ambiente, o projeto foi aprovado porque a empresa respondeu a todas as exigências jurídicas, técnicas e fundiárias estabelecidas pela legislação. “Tecnicamente, a empresa estava em situação legal e apta a explorar (o plano de manejo)”, afirmou o secretário.
O problema não aconteceu, portanto, conforme alega o titular da Sema, na aprovação do plano de manejo, mas na sua operação. A empresa, que estava autorizada a retirar e comercializar 150 mil metros cúbicos de madeira, só atuou em cerca de 5% da área, conforme viria a descobrir a fiscalização de campo. E, ainda assim, a pouca madeira retirada da floresta continuava no chão – o que significa dizer que a Tecnoflora não tinha mesmo o propósito de comercializar a sua produção.
Ao invés de fazer isso, a empresa passou a simplesmente vender papéis, procedimento comum na longa cronologia das fraudes relacionadas com a extração ilegal e a comercialização clandestina de madeira no Pará desde a segunda metade do século passado. Esses papéis, as chamadas Guias Florestais, foram abastecer nada menos que 54 indústrias madeireiras, que os utilizaram para esquentar os estoques de madeira de origem desconhecida mantidos no pátio.
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NOTA DO BLOG:
Isto acontece há décadas e os órgãos ambientais se fazem de cegos. Tem muita "gente graúda" por trás destas fraudes. Enquanto isso nos municípios marajoaras de Breves e Portel, os bolsões de miséria se multiplicam a cada dia. Os impostos provenientes da extração irregular da madeira destes municípios, com certeza diminuiriam os impactos da degradação ambiental e social causada pela fraude.
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