Yasmin (na foto ela está sentada, de roupa clara) tem 16 anos, cursa o primeiro ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Médio João XXIII, na cidade de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha de Marajó (PA). Ela e mais oito colegas do colégio viajaram dez horas de barco para fazer a prova em Belém (PA). Conheça a seguir como ela conta essa experiência.
Na foto acima, além da Yasmin, aparecem os outros oito alunos de sua escola que viajaram a Belém e os professores Wilson (de vermelho) e Antonio Mesquita (de laranja).
Crédito da foto: Ana Luiza Rocha
"Na vida sempre damos mais valor às coisas que conquistamos com esforço, determinação e dificuldade. Essa foi a principal lição que aprendi depois de ter enfrentado tantas barreiras desde a primeira prova do Desafio National Geographic 2011 junto com meus colegas de escola.
A falta de informação se tornou uma grande barreira e eu, em particular, sabia que iria realizar uma prova do Desafio, mas só tive idéia do conteúdo e do tipo de prova quando já estava com ela nas mãos. Não tínhamos nenhum conteúdo preparatório para a primeira prova e, mesmo assim, eu e mais oito colegas obtivemos um bom índice, o que nos permitiu passar para a Fase Regional.
Para minha surpresa passei com a maior pontuação da escola, acertei 23 das 25 questões. Acredito que alcancei esta pontuação, mesmo sem ter me preparado, porque muitas, senão todas as questões, abordaram temas que vemos constantemente nos jornais e nas revistas e que fazem parte dos debates em conferências e seminários sobre meio ambiente, educação e alimentação dos quais costumo participar representando minha escola. Além disso, alguns assuntos fazem parte do conteúdo programático de Geografia proposto pela escola.
Na segunda fase não tivemos acesso à internet para estudar, pois raramente o laboratório de informática do nosso colégio nos permite utilizá-la. Não teríamos conseguido estudar para a prova se o professor Antonio Mesquita não tivesse disponibilizado o conteúdo em forma de apostila na secretaria da escola para que pudéssemos comprar. Assim, cada aluno que passou para a segunda fase comprava a sua apostila (7 centavos a página) e estudava em casa. Como, além de mim, mais dois alunos da minha turma passaram, nós discutíamos as apostilas em sala de aula quando possível. O professor Antonio imprimiu também a questão aberta da prova de 2010 e pediu que fizéssemos a redação para que nosso desempenho fosse avaliado e para saber o que precisava melhorar.
Finalmente chegou o grande dia, era a hora de fazer a tão esperada viagem rumo à Belém do Pará, onde se localizava a escola sede onde faríamos a prova. Na quinta-feira, dia 22, à noite, embarcamos no trapiche da fábrica de palmito da cidade. As passagens foram cedidas pela Secretaria Municipal de Educação. Levamos feijão, arroz, macarrão, margarina, café, açúcar, farinha e também alguns quilos de bifes doados pela mãe de um dos alunos.
Viajar de barco não é nenhuma novidade para nós ribeirinhos, pois este é o principal meio de transporte que utilizamos, porém, estamos no período do verão amazônico, o que deixa a baía do Marajó muito agitada e perigosa, com ventos fortes e maresias altas. Em determinado trecho o comandante do barco precisou diminuir um pouco a velocidade devido à agitação das águas. Eu me senti mal com náuseas e outracolega, Dayara, só dormiu um pouco quando o barco chegou a Belém por volta de 5h30da manhã da sexta, dia 23. Foram cerca de 10 horas de viagem. Viajamos com passagens simples, ou seja, dormimos em redes
Em Belém, ficamos alojados na Casa do Educador, comemos arroz, feijão e bife durante os quatro dias, no almoço e no jantar. Não reclamamos. Quem cozinhou para nós foi a dona Adelaide, auxiliar de secretaria da escola que se ofereceu como voluntária para nos auxiliar.
No sábado, dia 24, dia da prova, os professores Wilson Carlos e Antonio levaram sanduíches e refrigerante para um lanche antes de entrarmos na sala de aula. Na prova utilizei praticamente todo o tempo disponível para resolução das questões, procurei fazer tudo com calma. Fizemos uma rápida análise de prova quando saímos da sala e percebemos que havia várias diferenças entre nossas respostas.
Depois de dez horas de uma viagem longa, cansativa e turbulenta, não podíamos perder a oportunidade de visitar e conhecer os pontos históricos e turístico de Belém, em uma espécie de circuito cultural que durou quatro dias.
Conhecemos o Mangal das Garças, um parque ecológico construído em uma área revitalizada onde os principais atrativos são o farol e o borboletário (viveiro de borboletas amazônicas), o Forte do Casteloe a Rua da Ladeira, local onde Belém começou a ser construída no século XVII, o Ver-o-Peso, principal ponto turístico da cidade, a luxuosa Estação das Docas, complexo cultural e turístico, a Praça da República, onde visitamos a feira de artesanato organizada nos finais de semana. Lá, várias coisas nos chamaram aatenção, como, por exemplo, um homem que faz o retrato de uma pessoa com lápis em apenas dez minutos, a imensa quantidade de pessoas, a enorme variedade de artesanato e um show de chorinho ao ar livre.
Só lamentamos não poder entrar no Theatro da Paz, que ficará em manutenção até novembro. Ficamos um pouco chocados também com a condição do Ver-o-Peso, que estava com muito lixo. Mas, apesar disso, é um encanto a variedade de produtos de todos os tipos que estão à venda lá.
Conhecemos lugares novos, construímos novas amizades, fortalecemos as que já existiam e vivemos experiências novas e inesquecíveis. Quando tudo chegou ao fim, meu sentimento era de superação. Ter feito essa prova se tornou para mim uma daquelas coisas que guardamos na mente e no coração como parte de nossa história, como algo que nos faz crescer, aprende ra superar nossos medos e saber que, mesmo quando aparecem as dificuldades, somos capazes de superá-las.
Foi mais que uma prova. Foi a certeza de que os sonhos estão aí para serem realizados e que a vida também é uma verdadeira viagem do conhecimento.”
NOTA DO BLOG
Yasmim Cardoso é filha de Maria Francisca Cardoso e enteada do meu irmão, Bosco Costa. Sempre muito estudiosa, esta pequena ainda vai dar muita alegria pros pais e pra comunidade boavistense..
Parabéns, sumana
Do tio, Flávio Costa
Flávio, esses meninos e esses professores merecem ser condecorados,pois a despeito de todas as dificuldades, fizeram um trabalho belíssimo nas Olimpíadas de Geografia.Apesar do pouco apoio, eles conseguiram ir muito longe. Acompanhei de longe todo o preparativo da viagem e sei que não foi nada fácil.O poder público deveria olhar com mais carinho e responsabilidade pra esses alunos e professores.Um abraço.
ResponderExcluiresses alunos são verdadeiros guerreiros,pena q nao podemos falar o mesmo da direçaõ da escola a quem eles falam com tanto orgulho, alem de nao disponiblizarem internete para esses alunos ainda fazem comercio dentro da escola vendendo aposylas para esses guerreiros, direção investem nesses alunos insentivem e nao dificultem ainda mais por favor.
ResponderExcluirFlávio, com certeza o poder público deveria olhar para esses alunos, pois a escola é do estado e o governador não está nem ai, a prefeitura é que tem ajudado a escola, só porque a escola fica no Marajó e é distante da capital, o Jatene pensa que não tem responsabilidade? O estado quer deixar a responsabilidade para o prefeito, não é obrigação dele e sim do estado, mas mesmo assim ele tem ajudado muito a todos nós alunos do colégio, sempre que precisamos a Secretaria de Educação disponibiliza as passagens.
ResponderExcluirPena que a direção acha q é dona da escola, e está p..da vida pq a Yasmim falou a verdade sobre os laboratorios q o diretor faz uma enorme propagando do governo, na verdade quase nada funciona,mas é assim, os alunos precisam cobrar mais de todo poder publico.
ResponderExcluirPor falar na escola João XXIII, os professores entraram em greve através do Sintep, deixando os alunos sem aulas, o que prejudica muito a vida dos educandos, isso não deveria acontecer em nossa cidade, se for provado que é uma greve abusiva, quem está em greve vai ter penalidade. Os professores em Belém quando ficam de greve vão para as ruas, reivindicar e em outros lugares de Belém e os professores daqui? Ficam em bares, nas suas casas, é porque não querem trabalhar! O Presidente do Sintep Professor Wilson Carlos,andou desrespeitando alguns funcionários que não aderiram a greve, deixando panfletos com ofensas, o que eu acho uma falta de respeito e de caráter, no meu entendimento greva quem quer, os funcionários que não grevaram devem ter seus motivos, porque na reposição eles não tem obrigação de trabalhar. Se o Sintep quer mostrar trabalho, que faça com dignidade e não ofenda o diretor e seus funcionários, a escola não pode parar de funcionar só porque alguns gatos pingados de professores aderiram a greve, a comunidade boavistense precisa ser atendida, seria um caos se todos aderissem a greve e quando alguém precisasse de documentos a escola estivesse fechada. Acho bom O wilson Carlos não continuar distribuindo panfletos aos "fura greve" termo que ele se referiu aos funcionários, porque ele pode se complicar diante a justiça.
ResponderExcluirCarlinho se me odeia "DEITA NA BR"!rsrsrsrsrs!!!
Quem não aderiu a greve deve ser do grupo do Patrick e do Salomão.
ResponderExcluirEu não sou funcionário do JXXIII, mas li o panfleto, é um desrespeito com o funcionário, se fosse comigo eu processaria o autor de quem fez isso, é tanta coisa maldosa que fere o ego da pessoa, isso dá cadeia!!!
ResponderExcluirFlávio coloca na primeira página
ResponderExcluirOs alunos do Colégio João XXIII, vieram fazer a prova do ENEM e muitos ficaram no B/M Salmista, a reportagem passou no Jornal Liberal, com o esforço do diretor Jefferson Patrick eles conseguiram chegar até aqui e ficaram alojados no barco, e contaram também com a ajuda de alguns professores que se dispuseram levá-los até o colégio, pois muitos alunos não tinham onde ficar em Belém. Patrrck você é um diretor nota 1000, vc mostrou que tem garra e preocupação com os nossos filhos, sou mãe de um aluno do colégio e fiquei impressionada com essa atitude. Valeu diretor! Espero que os alunos dê a recompensa de conseguir uma vaga na Universidade e mostrar que no JXXIII tem funcionários que se preocupam com o futuro de nossos filhos. Obrigada!!!
Louvável a atitude do Patrick, mas o prefeito Getúlio Brabo juntamente com a vereadora Graça Souza, ajudaram muito esses alunos dando 150 passagens de ida e volta, porque muitos alunos queriam fazer a prova do ENEM e não tinham condições. Temos que agradecer a todos que ajudaram.
ResponderExcluirPatrik manda o Carlinho parar com essa palhaçada de greve, manda ele trabalhar, vc é o diretor!!!
ResponderExcluirO SINTPE É UMA VEGONHA EM BOA VISTA DEFENDE O PREFEITTO E É CONTRA O GOVERNADOR PRQUE SERAAAAA
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