domingo, 26 de agosto de 2012

VEREQUETE: 96 ANOS

Extraído do Blog Acorda Pará, de Luis Alho

A alma do Carimbó 

Quarta-feira, 26/08/09 – 20h05 

Afirmar que o Carimbó corre nas veias de Mestre Verequete e uma definição com grande significado, que toma proporções maiores, ainda, gigantescas até, se afirmarmos que Mestre Verequete corre nas veias do Carimbó; "sangue puro" que bombeia ritmo e emoção, ao som de tambores dos quais ele é o rei. Na verdade, Verequete é a própria alma do Carimbó, esse ritmo que energiza e balança homens e mulheres, irradiando a mais pura magia, contagiando a todos que participam e vivem os encantos de uma verdadeira roda de Carimbó. Mestre Verequete é um desses predestinados a quem Deus legou a missão de encantar o mundo. Homem simples, despido de quaisquer vaidades, Augusto Gomes Rodrigues, nascido em Quatipuru, município de Bragança, fez do som dos tambores sua estrada e nela tem percorrido carregando o sonho de cantar e encantar. É a maior expressão do Carimbó-raiz, ritmo que mantém vivas as heranças indígenas, africanas e dos colonizadores da Amazônia. É um símbolo e patrimônio de nossa cultura. Poeta, compositor, negro, de origem pobre, nem sempre teve o respeito que merece ou que lhe é devido. Em sua humildade foi vítima de elementos inescrupulosos que se valeram de suas criações sem que isso rendesse ao menos um "obrigado". Em função da descoberta do roubo de suas composições, Verequete mergulhou em profunda decepção por um período de dez anos. Nesse período, a cultura paraense teve um duplo prejuízo: o mal causado a Verequete e a contribuição à evolução de nossos valores através de suas canções, que parou no tempo enquanto mestre Verequete esteve ausente. Um mal irreparável. Mas, mestre Verequete é único e suas composições precisam ter seu toque, o timbre de sua voz incomparável e a magia que só ele tem ao interpretar o que diz em uma de suas canções: "Tenho versos na cabeça como letras no jornal / tenho versos na cabeça como areia no mar". E, esses versos, por mais que tentem, ninguém conseguirá levar ou cantar como mestre Verequete canta e os que tentaram deveriam lavar-se na água desse mar para limpar a vergonha da própria incompetência. Mestre Verequete derrubou barreiras, transpôs muros invisíveis com a força de seu Carimbó e imprimiu sua marca na cultura popular; divulgou o Pará e seu ritmo no Brasil e no exterior e aos poucos, embora um pouco tarde, veio sendo reconhecido por sua contribuição à valorização de nossas tradições, o Dia Municipal do Carimbó, comemorado em Belém, é 26 de Agosto, dia do aniversário de Verequete em reconhecimento à profunda e inseparável ligação entre o mestre e a cultura de nossa região. Registre-se com profundo pesar que reconhecimento verdadeiro, sem interesses que não à valorização da cultura são poucos; muitos são exploração do mito, do talento e da cultura própria. Esse tipo de reconhecimento não vale nada. Verequete é mais que isso. Verequete é a alma do Carimbó. Parabéns Verequete...!

Verequete faleceu no dia 03/11/2009, em Belém...

Fonte: http://www.acordapara.com.br/colunistas/luis_alho/A%20alma%20do%20Carimbo.htm


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