domingo, 15 de janeiro de 2012

SECTÁRIOS E RADICAIS


"Não basta vigiar os bandidos, há de ficar de olho nos mocinhos"

Extraído do blog do Marcos Pontes

Hipoteticamente, o irmão predileto de Raimundinho se meteu num esquema de venda de notas fiscais frias para a prefeitura. No decorrer das investigações o Ministério Público vai à casa dos irmãos com um mandado de busca à procura de documentos que comprovem a ação criminosa. Raimundinho recebe os agentes públicos e sua reação vai depender de sua postura cidadã e do seu postura ideológica.

Se ele tiver uma postura radical irá entregar as provas que tem em casa voluntariamente para que a polícia apure o comprometimento do irmão, mesmo que isto leve à prisão e condenação do familiar,ou colocar-se-á contra a polícia, contra a justiça, em defesa intransigente do irmão. Se for um sectário, negará todas as evidências, mesmo que toda a argumentação legal demonstre que há envolvimento direto do irmão na ação delituosa.

O radical não transige, o sectário também não. O primeiro por ideologia, o segundo por negar-se a ver a verdade. O sectário não consegue ver nada além daquilo em que quer acreditar, enquanto que o radical, mesmo admitindo os fatos, por compromisso com uma causa, uma pessoa ou os próprios interesses, seja de que ordem forem, não dá o braço a torcer, cria argumentos, distorce os fatos e a verdade.

Um bom cidadão é o que tem compromisso precípuo com a honestidade, a probidade administrativa, a intransigência com o que for ilegal ou imoral, com o que seja prejudicial à coletividade e a favor de pequenos grupos ou indivíduos.

Durante uma campanha política, assumimos um lado. Infelizmente, no Brasil procuramos candidatos e não partidos, que se transformaram e sacos de gatos ideológicos e fisiológicos e não defensores de uma idéia e ideais comuns. Assumimos, via de regra, a postura de torcedores de futebol que não consegue ver méritos no adversário (talvez porque eles não tenham) e nem defeitos em nossos escolhidos. Nos tornamos sectários, cegos pela vontade de vencer, como se a vitória de um dos engravatados fosse sinônimo de vitória popular.

Ainda se justifica esta cegueira quando ela aparece pela vontade de mudar o que tem se mostrado imutável nesses 122 anos de República, mas sua continuidade não é benéfica.

Si hay gobierno, soy en contra, pero sin ser un anarquista. Ultimamente quem é conservador e de direita, além da obrigação moral de colocar-se contra o lixo esquerdista que nos governa e seus satélites emporcalhados, temos que vigiar sem sossego aqueles que deveriam estar fazendo oposição, mas só atuam assim até a primeira bifurcação eleitoral, quando os partidos situacionistas e pseudo-oposicionistas se encontram e as coligações e interesses bianuais se confundem. Fechar os olhos às manobras imorais da oposição não é favorecer a democracia e nem trabalhar pelo fim dos desmandos contra toda uma população que pagas a esmola dos pobres, o enriquecimento dos ricos e os desvios dos mandatários.

Que se seja radical na luta diária contra essa malta desleal, mas, jamais, sectário na defesa daqueles de quem esperávamos uma postura combativa e que se mostraram venais e insensíveis às vontades de melhoria de cada cidadão que constrói esse país fora das fileiras partidárias.

Fonte: http://s-e-2.blogspot.com/2012/01/sectarios-e-radicais.html

©Marcos Pontes

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