Não há como negar a exuberância natural do arquipélago com praias lindas, fauna e flora que encantam a todos no primeiro contato. Não por acaso que o arquipélago já foi cenário de outras novelas e longas metragens.
A questão central deste artigo é justamente fomentar o debate sobre a ficção e a realidade marajoara. Em todos os “retratos” tirados ou filmados sobre o Marajó, não há vinculação com a triste realidade social-econômica do local. Sabe-se que o arquipélago apresenta um cenário de caos social. Reúne entre seus municípios os piores IDH do Brasil.
Apesar dos números – e sempre eles – a realidade marajoara é pouco conhecida. Talvez por isso que mantenha padrões medievais de qualidade de vida. O retrato fictício do arquipélago esconde o real, a realidade. Além de concretizar a divisão do arquipélago em dois. O lado nordeste mais “desenvolvido” por conta do turismo que bem ou mal consegue gerar renda e emprego para a população local. O outro Marajó (corresponde ao restante do território) coleciona tragédias sociais sem a esperança de mudanças – pelo menos – em médio prazo.
Enquanto exportamos belezas naturais, mantemos um quadro social vexatório para um país que acaba de atingir a sexta maior economia do mundo, ultrapassando os ingleses no ranking. O problema é que o turismo é concentrado em Soure e Ponta de Pedras. Não há uma política de ação que fomente o conhecimento de outros municípios, outras manifestações culturais.
O Marajó fictício, do “faz de conta” vai se distanciando e deixando para trás o Marajó real, o concreto. Até quando?
O autor é neto de boavistenses ( familias Marinho e Formigosa), professor de geografia, especialista em amazônia.
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