Extraído do Diário do Pará ON LINE
“A SPU não está promovendo reforma agrária, mas estimulando conflitos agrários”, afirmou esta semana o advogado Gustavo Brasil. Ele advertiu para o risco de uma futura conflagração social se os órgãos federais que vêm atuando na região, em ações supostamente voltadas para a legalização fundiária – a SPU e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –, persistirem na conduta de violar a legislação que trata da matéria e atropelar os direitos do Estado do Pará. O advogado classifica como “insólito” o comportamento da SPU, que vem fazendo a retirada de moradores em ato sumário, sem ação judicial, e de imediato fazendo a redistribuição da terra, usurpando uma atribuição que, em último caso, seria exclusiva da Justiça.
Pelo menos três advogados com escritórios em Belém já foram acionados para defender a causa das pessoas que se julgam prejudicadas. Alguns casos chegam a causar espanto. Um deles trata de uma pequena área de terra localizada no município de Ponta de Pedras. O título, datado do final do século 19, foi assinado pelo então governador Augusto Montenegro. A área foi mantida pela família ao longo de sucessivas gerações. Foi. Há pouco tempo, chegou lá um funcionário da SPU. Sem qualquer mandado judicial, decretou que a família não tem mais direito sobre a área e que ela agora pertence a outros ribeirinhos. Este caso – como muitos outros – já faz parte de uma rumorosa (e longa, presume-se) batalha judicial que está apenas começando.
Fatos como esses vêm agravar o contencioso já estabelecido entre a União Federal e o Governo do Estado em torno da dominialidade sobre cerca de sete mil ilhas paraenses, concentradas em sua maior parte na extensa região do arquipélago marajoara. A disputa coloca de um lado o governo federal, representado pelo Incra, SPU e Ministério Público Federal, e de outro o Governo do Estado, em cuja defesa o Iterpa tem se mostrado ativo e vigilante. Nessa postura, o instituto estadual de terras tem contado com o apoio da Procuradoria Geral do Estado e também da Assembleia Legislativa, que chegou a promover no final do ano passado uma sessão especial para discutir o assunto
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