Extraído do Blog Cultura Marajoara
Imagem: Blog Açai Belém
Neuton Miranda Sobrinho, de 61 anos, morreu vítima de um enfarto fulminante. Neuton estava em Belterra, no oeste paraense, a trabalho. Ele também era presidente estadual do PC do B no Pará e integrante da diretoria nacional do partido.
De acordo com a assessoria da GRPU, Neuton morreu no hotel onde estava hospedado. Ele estava acompanhado de um assessor, quando começou a se sentir mal, por volta de 23h. Uma ambulância foi chamada, mas Neuton não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. A causa da morte foi um infarto fulminante. No município, ele participou de uma solenidade de entrega de títulos de concessão de uso das chamadas terras da Marinha.
DEPOIMENTO / por José Varella Pereira
De acordo com a assessoria da GRPU, Neuton morreu no hotel onde estava hospedado. Ele estava acompanhado de um assessor, quando começou a se sentir mal, por volta de 23h. Uma ambulância foi chamada, mas Neuton não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital. A causa da morte foi um infarto fulminante. No município, ele participou de uma solenidade de entrega de títulos de concessão de uso das chamadas terras da Marinha.
DEPOIMENTO / por José Varella Pereira
Dois anos sem Neunton e parece que foi ontem... Quando ele me convidou a ser voluntário na preparação da equipe de regularização fundiária do Projeto NOSSA VÁRZEA que ia atuar no Marajó, o convite foi bem objetivo:reconhecia ele que as comunidades ribeirinhas das ilhas do delta-estuário que chamamos Amazônia Marajoara têm cultura peculiar e que a tecnoburocracia não a conhece como devia. Por outra parte, se ele fosse chamar acadêmicos universitários para isto, provavelmente, teria que esperar uma eternidade...
Ora, quem mais conhece a cabocada se não um caboco com a rara diferença de ter sido politicamente alfabetizado por ninguém menos que o índio sutil comunista Dalcídio Jurandir? Em se tratando da Amazônia Pará, Neuton era um peixe dentro d'água... Conciliava teoria e prática com conhecimento do terreno onde atuava. Rimos muito com a estória do peixinho tralhoto e seus quatro-olhos, mestre em sobrevivência nestas paragens difícies: dizia-me ele que era preciso reconhecer a etnicidade do caboco ribeirinho a par de outras etnias tradicionais como os indígenas e quilombolas que, mal ou bem, já tem consciência da própria identidade e de seus territórios. Estávamos perfeitamente de acordo sobre tudo isto e nosso trabalho profissional e a militância política embora limitadas pela dinâmica de conjuntura histórica e geográfica não se separavam nem se contradiziam.
Neuton era daqueles comunistas da estirpe de João Amazonas e Dalcídio Jurandir, que sem amolecer os fundamentos da emancipação do povo trabalhador do campo e da cidade, não perdem nunca o traço maior da humanidade e solidariedade para com todos os mais. Quis o acaso que nossa despedida fosse em viagem a Cachoeira do Arari onde ele foi entregar títulos de autorização de uso de terras da União e se encerrou com visita ao Museu do Marajó, onde o ex-presidente de diretoria Antônio Smith nos presenteou com dois exemplares da obra sumamente importante de Denise Schaam, "Cultura Marajoara". Meu exemplar mandei por portador fiel à direção do Museu do Quai Branly, em Paris, onde se acha coleção de cerâmica marajoara levado de teso na ilha do Marajó para o Museu do Homem..
Na volta a Belém, Neuton deu-me carona até a porta de minha casa e dissemos um ao outro até mais, camarada. A marcha do povo brasileiro começada com a Coluna Prestes nos idos do Tenentismo continua na Amazônia brasileira com a pertinácia das águas de pequeninas fontes e da humildade dos igarapés até se transformar em grandes rios a caminho do mar profundo.
Neuton vive no coração e na mente da brava gente marajoara!
Ora, quem mais conhece a cabocada se não um caboco com a rara diferença de ter sido politicamente alfabetizado por ninguém menos que o índio sutil comunista Dalcídio Jurandir? Em se tratando da Amazônia Pará, Neuton era um peixe dentro d'água... Conciliava teoria e prática com conhecimento do terreno onde atuava. Rimos muito com a estória do peixinho tralhoto e seus quatro-olhos, mestre em sobrevivência nestas paragens difícies: dizia-me ele que era preciso reconhecer a etnicidade do caboco ribeirinho a par de outras etnias tradicionais como os indígenas e quilombolas que, mal ou bem, já tem consciência da própria identidade e de seus territórios. Estávamos perfeitamente de acordo sobre tudo isto e nosso trabalho profissional e a militância política embora limitadas pela dinâmica de conjuntura histórica e geográfica não se separavam nem se contradiziam.
Neuton era daqueles comunistas da estirpe de João Amazonas e Dalcídio Jurandir, que sem amolecer os fundamentos da emancipação do povo trabalhador do campo e da cidade, não perdem nunca o traço maior da humanidade e solidariedade para com todos os mais. Quis o acaso que nossa despedida fosse em viagem a Cachoeira do Arari onde ele foi entregar títulos de autorização de uso de terras da União e se encerrou com visita ao Museu do Marajó, onde o ex-presidente de diretoria Antônio Smith nos presenteou com dois exemplares da obra sumamente importante de Denise Schaam, "Cultura Marajoara". Meu exemplar mandei por portador fiel à direção do Museu do Quai Branly, em Paris, onde se acha coleção de cerâmica marajoara levado de teso na ilha do Marajó para o Museu do Homem..
Na volta a Belém, Neuton deu-me carona até a porta de minha casa e dissemos um ao outro até mais, camarada. A marcha do povo brasileiro começada com a Coluna Prestes nos idos do Tenentismo continua na Amazônia brasileira com a pertinácia das águas de pequeninas fontes e da humildade dos igarapés até se transformar em grandes rios a caminho do mar profundo.
Neuton vive no coração e na mente da brava gente marajoara!
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